NARRAÇÃO: Parece que você e seu comparsa não prestaram muita atenção na movimentação da rua.-Risos- Pelo que minha sobrinha disse, ela viu vocês dois dirigindo em alta velocidade e entrando naquele terreno velho...
[Carregando sua mala após ser expulsa pelo tio da igreja, Maria caminha pela calçada daquela rua]MARIA: Se o Victório não está em casa, pra onde ele deve ter ido? Não acredito que aquele infeliz já foi se infiltrar na casa daquela bandida.
MARIA: Gente, aquela é a Regiane!
MARIA (Assustada/Sussurrando): Eles vão enterrar o meu tio!
NARRAÇÃO: E foi assim que ela me salvou.
CENA 7: (DELEGACIA/SALA DE VISITAS/NOITE)
REGIANE (Furiosa): Você e aquela imunda são dois malditos! Quando eu sair daqui se prepare, pois terminarei o meu serviço a todo custo.
JOSÉ: Quando sair, ou seja, nunca! Pelo que fiquei sabendo a senhorita vai ser transferida pra capital hoje mesmo. Isso que você merece, Regiane Vilela, a solidão. Você se destruiu sozinha e destruiu a vida de seu próprio filho por causa de seu passado.
JOSÉ: Se for por esse motivo, o que você tem a ver com isso? Nada! Esse assunto diz respeito apenas a mim.
REGIANE: É um viado velho mesmo!
[Sorrindo ironicamente, José se retira da sala deixando Regiane cada vez mais nervosa. A mulher chuta a "perna" da mesa que estava em sua frente descontando sua raiva]
[Deitado em sua cama e chorando muito pelo que descobriu a tarde, Miguel está abraçado a seu travesseiro ainda com a roupa do casório]
[Victório aos poucos entra no quarto e se senta na cama junto ao filho em forma de consolá-lo]
[Miguel ainda chorando se senta]
VICTÓRIO: Sobre ele eu não posso dizer nada, pois raramente o via naquele tempo, mas ouvi umas coisas horríveis sobre esse homem. Podem ser fofocas, por isso não acredito muito.
VICTÓRIO: Filho, sei que você está em péssimo estado, mas minha viagem é amanhã e preciso arrumar umas coisas. Em breve estou de volta, okay?
VICTÓRIO: Eu juro que volto para passar o resto de nossas vidas juntos, mas preciso refletir também sobre algumas coisas, concorda? -O Jovem afirma com a cabeça- Bom, além disso tenho outro assunto para lhe informar.
VICTÓRIO: Regiane! A sua mãe foi presa e na madrugada será transmitida para uma prisão na capital. Hoje é o único dia de visitas pra ela, se você quiser que eu o leve...
CENA 9: (HOSPITAL/QUARTO DE RODRIGO/NOITE)
THELMA (Chorando): Ai, pai, como o destino é cruel. Ele nos torturou de uma forma impressionante nessa vida.
THELMA (Chorando): Mas comigo ele foi pior. Ele me fez namorar o meu próprio irmão, me fez deitar com ele e ainda me engravidar. Eu vou pro inferno, pai, isso não tem perdão.
THELMA: A Regiane ainda te feriu, não foi?
RODRIGO: Sim, filha, maldita hora que fui comparecer naquele lugar.
[Ao ver a filha chorando mais uma vez, Rodrigo a aconchega em seus braços]
[Com a cabeça baixa aguardando a próxima visita, Regiane permanece em silêncio quando ouve passos da visita entrando no local. Ela levanta sua cabeça e sorri ao ver Miguel]
MIGUEL (Nervoso): Não me chama de filho! Como você foi capaz, mãe? Você arruinou a minha vida ao me unir com a minha própria irmã! Sempre me incentivava a ir pra cama com ela e eu jamais imaginaria que era por causa dessa sua sede de vingança infeliz. Jamais! Sempre disse que me amou, mas era tudo uma mentira!
REGIANE (Chorando): Miguel, se acalme. Me entenda!
REGIANE (Chorando): Miguel, eu sei que errei, mas foi a única forma que encontrei pra acabar e tirar a honra e a felicidade do rosto daquele maldito que me abandonou e me humilhou sempre.
MIGUEL (Chorando): Sabe o que eu quero agora? Me matar! Se sinta satisfeita, pois conseguiu me envolver com a mulher que nunca, ouviu bem? Nunca será a minha irmã. Jamais irei desejá-la de outra maneira se não for como mulher.
REGIANE (Chorando): Me desculpe, filho. Nunca imaginei que você iria sofrer dessa maneira.
MIGUEL: Nunca imaginou? Ah, por favor, Regiane. Olha, desejo que você apodreça dentro daquela cela imunda onde será levada. Que tudo o que a senhora fez nessa vida, tenham suas devidas consequências. -Se encaminha até a porta- Guarde dentro de seu coração de mentiras, que você foi a responsável pelo meu sofrimento. Apenas você!
REGIANE (Chorando): Me desculpe, filho... Eu sou a vítima dessa história toda. VÍTIMA!
CENA 11: (ESTRADA/INT./MADRUGADA)
REGIANE (Sussurrando): Por você, Miguel.
CENA 13: (HOSPITAL/QUARTO DE RODRIGO/DIA)
RODRIGO: Bom dia, filha! Como meu neto e você estão?
THELMA: Estamos bem na medida do possível, pai. -Alisa a barriga- E o senhor?
RODRIGO: Estou me recuperando bem. O doutor Jean me informou que posso voltar pra casa hoje mesmo.
THELMA: Que ótima notícia! Estou mesmo querendo deixar esse ar de hospital e voltar pra igreja.
RODRIGO: Entre, meu amigo, como vai?
RODRIGO: Aos poucos vamos se recuperando, se Deus nosso pai permitir. Olha, te agradeço e muito pelo bem que você fez para todos nós. Entregou sua batina para revelar o que aquela psicopata tentava fazer para ferir a mim e a minha filha.
RODRIGO: Mas fez muito bem.
THELMA (Cel.): Alô... É ela mesmo... Como é que é?... Não pode ser, meu Deus! Como?... Não! Não! Não!... No momento não estou podendo ir, mas amanhã mesmo estarei aí sem falta, para podermos esclarecer essa história... Okay, tchau!
RODRIGO: O que foi, Thelma? Quem era no telefone?
THELMA: Era do cemitério onde a mamãe foi enterrada. Disseram que ontem iriam fazer a transferência de seu caixão para uma gaveta, mas estranharam que dentro dele não havia ninguém.
THELMA: Primeiro eu fui no hospital ver como o senhor estava, enquanto isso o meu tio foi reconhecer o corpo da mamãe e preparar o enterro. Como fiquei com você naquele hospital enquanto estava em coma, não pude acompanhar o enterro. Só fiquei sabendo o local onde ela foi enterrada.
[Thelma sorri e abraça o pai. José fica intrigado. No momento, Doutor Jean, o médico responsável pelo estado de Rodrigo, entra no local]
RODRIGO (Feliz): Sério, doutor? Muito obrigado mesmo!
RODRIGO: Sim, doutor, obrigado!
DOUTOR JEAN: Depois de arrumar suas coisas eu volto para poder liberá-lo. Licença.
RODRIGO: E tudo vai voltar ao normal!
THELMA: Acidente?
THELMA (Surpresa): Minha nossa senhora! E como deve está o Miguel, hein?
[Após vestir sua camiseta, Miguel se encaminha até a porta onde ao abrir, se depara com Victório segurando uma mala]
MIGUEL: Sim e estou sofrendo um pouco. Ela errou e muito, mas era a minha mãe antes de qualquer coisa.
MIGUEL: Vai com Deus e não demore. Eu vou sentir muita a sua falta.
[Marejando, os dois se abraçam fortemente como despedida]
VICTÓRIO (Emocionado): Te amo, filho! -Se vira- Até logo! -Volta a olhar para Miguel- Miguel, apenas ouça o seu coração. Se você ama mesmo a Thelma, vá atrás dela filho e esqueça esse incesto. É errado, eu sei, mas que se dane! Seja feliz, meu filho!
[Miguel abraça o pai rapidamente, calça seu tenis e sai do quarto indo em direção a Igreja encontrar Thelma. Victório pega sua mala e vai em direção a parte externa da mansão]
[Aguardando um táxi, Victório olha diversas vezes seu relógio de pulso impaciente. Ao fundo, José reconhece o homem e se aproxima]
JOSÉ: Eu que estou feliz em lhe ver, Victório. E pra que essa mala? Não me diga que vai viajar?
JOSÉ: Entendo muito bem o seu lado, tenha certeza disso. -Risos- Bom, boa viagem!
VICTÓRIO: Obrigado e manda um abraço pra Maria, okay?
[Victório faz sinal ao táxi que estaciona em sua frente. Ele entra no veículo e acena como despedida para José que fica ali sozinho]
[José põe sua mão direita em seu coração e observa o carro sumir de sua vista naquela rua reta]
CENA 16: (IGREJA/FUNDO/SALA/TARDE)
THELMA: Amiga, você está linda demais!
THELMA: Estou arrumando aqui algumas coisas e seu sobrinho ao mesmo tempo que atrapalha, ajuda um pouco. -Risos- E por onde você andava, hein?
THELMA: Sei, "colega". -Risos.
DOUTOR JEAN: Boa tarde, senhorita! -Estendendo a mão.
MARIA: Não, Thelma, nós vamos almoçar em um restaurante que abriu na capital. Vim apenas avisar. -Risos. Quer vir?
[As duas sorriem e se despedem com um abraço. Depois do ato, o casal se retira]
RODRIGO: Enquanto você estava conversando, chegou uma mensagem aqui no seu celular. -Estende o aparelho para ela.
RODRIGO: Quem é, hein?
THELMA: É o Miguel! Ele quer se encontrar comigo na igreja para podermos esclarecer tudo. Posso, José? Que eu saiba a igreja está vazia.
RODRIGO: Deixa, José! Deixa eles resolverem logo esse assunto difícil.
[Thelma sorri e se encaminha até o interior da igreja encontrar Miguel. No momento, José vai para seu quarto apressado e Rodrigo também vai para o seu]
CENA 17: (IGREJA/FUNDO/QUARTO DE RODRIGO E THELMA/TARDE)
RODRIGO: Meu coração de mentiras, vai permanecer em mentiras e em silêncio. Desfrutei do bom e do melhor nessa vida e não preciso de mais nada disso. Regiane, cheguei a te amar sim, mas quando descobri a mulher nojenta e podre que você era, te descartei sem dó e nem piedade. Antônia, um amor falso e ambicioso. Acho que também cheguei a gostar de você um pouquinho, viu? Enfim, delas duas a mais infeliz é a Regiane! Acho que essa acabou com a minha vida por completo ao planejar esse incesto. Eu não posso deixa-la vencer essa guerra! Não posso!
[No meio daquela igreja escura, Miguel caminha até o altar onde está ao alto uma estátua de cristo. Ele se agacha rapidamente e faz o sinal da cruz em seu peito. Ao se levantar, o jovem se surpreende com a presença de Thelma em sua frente]
MIGUEL: Thelma, eu vim resolver o nosso caso já que depois do casamento não tivemos tempo para trocar nem uma palavra se quer.
MIGUEL: Estou sofrendo muito com isso, Thelma, em pensar a cada momento que passamos juntos não era apenas de homem e mulher, e sim de irmão e... irmã.
MIGUEL (Chorando): Pode ser difícil, mas não pense em retira essa criança que independente de tudo, foi formada com muito amor.
[Silêncio durante uns segundos, até que Miguel segura as mãos da moça]
THELMA (Chorando): Eu também, Miguel. Nosso amor é tão lindo que nem esse incesto será capaz de nos separar.
MIGUEL (Chorando): Thelma, está disposta a enfrentar a difamação que o povo dessa cidade vão inventar por causa de nosso amor?
THELMA: Por você eu estou disposta a tudo, Miguel, tudo!
THELMA: Também te amo, Miguel! Te amo! Te amo!
[Miguel e Thelma, felizes, se aproximam e se beijam. Thelma põe a mão em sua barriga e em seguida Miguel se ajoelha e beija a mão da moça. O jovem pega a amada em seu colo e a rodopia beijando sua barriga. Ao coloca-la no chão, os dois se olham mais uma vez e se beijam apaixonadamente. De repente, a igreja vai se clareando e eles se surpreendem ao verem a porta do local aberta. Os jovens param de se beijar e se viram. Ao olharem, ambos são surpreendidos por uma pessoa que por causa da claridade do sol, é impossível reconhecer. A pessoa caminha em direção a eles e retira de seu bolso uma arma. Silêncio em cena. Miguel e Thelma tentam se afastar da pessoa e se encostam na parede onde no alto está pendurada a estátua de cristo. A pessoa se aproxima cada vez mais do altar apontando a arma para o casal, destravando-a. Podemos observar o rosto assustado de Thelma e Miguel que ao ver a pessoa próxima de apertar o gatilho, entra na frente de Thelma. A pessoa dispara diversas vezes acertando o jovem e em seguida a moça. A pessoa se retira do local deixando cair algo de seu bolso. No chão, Miguel agoniza de dor enquanto Thelma, aos poucos vai caindo apoiada naquela parede. De um lado está o jovem jogado cheio de sangue perdendo a consciência. Enquanto do outro lado, está a moça também suja de sangue caída naquele altar de madeira. Tentando se manterem acordados, Miguel com sua mão suja de sangue, a conduz lentamente até uma mão suja de sangue de Thelma, e a segura com a força que ainda restava em seu corpo. Com dificuldades, Miguel olha para Thelma que também o olha. Uma última lágrima escorre de ambos os rostos]
MIGUEL (Morrendo/Dificuldades): Te Amo!
FIM
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